domingo, 16 de junho de 2013

SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM

TEXTO 1
Meu Primeiro Beijo
António Barreto

         É difícil acreditar, mas meu primeiro beijo foi num ônibus, na volta da escola. E sabem com quem? Com o Cultura Inútil! Pode? Até que foi legal. Nem eu nem ele sabíamos exatamente o que era "o beijo". Só de filme. Estávamos virgens nesse assunto, e morrendo de medo. Mas aprendemos. E foi assim...
        Não sei se numa aula de Biologia ou de Química, o Culta tinha me mandado um dos seus milhares de bilhetinhos:
        "Você é a glicose do meu metabolismo.
        Te amo muito!
        Paracelso"
         E assinou com uma letrinha miúda: Paracelso. Paracelso era outro apelido dele. Assinou com letrinha tão minúscula que quase tive dó, tive pena, instinto maternal, coisas de mulher... E também não sei por que: resolvi dar uma chance pra ele, mesmo sem saber que tipo de lance ia rolar.
        No dia seguinte, depois do inglês, pediu pra me acompanhar até em casa. No ônibus, veio com o seguinte papo:
       - Um beijo pode deixar a gente exausto, sabia? - Fiz cara de desentendida.
       Mas ele continuou:
       - Dependendo do beijo, a gente põe em ação 29 músculos, consome cerca de 12 calorias e acelera o coração de 70 para 150 batidas por minuto. - Aí ele tomou coragem e pegou na minha mão. Mas continuou salivando seus perdigotos:
       - A gente também gasta, na saliva, nada menos que 9 mg de água; 0,7 mg de albumina; 0,18 g de substâncias orgânica; 0,711 mg de matérias graxas; 0,45 mg de sais e pelo menos 250 bactérias...
       Aí o bactéria falante aproximou o rosto do meu e, tremendo, tirou seus óculos, tirou os meus, e ficamos nos olhando, de pertinho. O bastante para que eu descobrisse que, sem os óculos, seus olhos eram bonitos e expressivos, azuis e brilhantes. E achei gostoso aquele calorzinho que envolvia o corpo da gente. Ele beijou a pontinha do meu nariz, fechei os olhos e senti sua respiração ofegante. Seus lábios tocaram os meus. Primeiro de leve, depois com mais força, e então nos abraçamos de bocas coladas, por alguns segundos.
      E de repente o ônibus já havia chegado no ponto final e já tínhamos transposto , juntos, o abismo do primeiro beijo.
      Desci, cheguei em casa, nos beijamos de novo no portão do prédio, e aí ficamos apaixonados por vária semanas. Até que o mundo rolou, as luas vieram e voltaram, o tempo se esqueceu do tempo, as contas de telefone aumentaram, depois diminuíram...e foi ficando nisso. Normal. Que nem meu primeiro beijo. Mas foi inesquecível!

       BARRETO, Antonio. Meu primeiro beijo. Balada do primeiro amor. São Paulo: FTD, 1977. p. 134-6.


Situação de Aprendizagem
Meu primeiro beijo
António Barreto

Público Alvo: 7º ano – 6ª Série

Duração: 8 aulas

     1.    Ativação de conhecimentos de mundo:

·         Apresentar vídeos
·         Apresentação do Texto 1- Meu primeiro beijo de António Barreto
·         Apresentar o perfil do autor do texto - António Barreto
·         Apresentação de novos texto para comparação e estudo:
·        Texto 2 - 10 curiosidades sobre o beijo ao longo da História 
         Texto 3 e Texto 4 – Aprendendo com versos (Música e Poesia)
         (Todos os textos encontram-se no final desta página)
  
   2.    Antecipação ou predição;
·         Questionar:
         Quem já beijou? Será que existe somente um tipo de beijo?
Existe alguma relação em comum entre beijo e amor?
Vocês conhecem o beijo em outras  culturas?  
Apresentar o texto sobre 10 curiosidades sobre o beijo ao longo da história.
Os alunos devem se expressar livremente.


     3. Checagem de hipóteses:
     
 Leitura do texto "Meu primeiro beijo"  pelo professor, na íntegra sem     interrupções:
  •         Leitura compartilhada no segundo momento
  •         Perguntas:   

                        O  que vocês entenderam do Texto Meu primeiro beijo?
                        Do que se trata a história?

    4.  Localização de informações;
·         Depois da leitura:
·         Questionar:
1.      Em que tempo ocorreu a história (Presente, Passado ou Futuro)?
2.      Quem está contando sobre o seu primeiro beijo? Ele ou ela?
3.      A pessoa está contando para quem?
4.      Em que local e quando aconteceu o primeiro beijo?
5.      Qual o sentimento deixado neste primeiro beijo?
6.      A  narradora chama o  menino  de Cultura Inútil, e ao mesmo tempo, cita outro apelido dele  entre vários. Quais seriam esses apelidos?
7.      Como o menino descreveu cientificamente o beijo?


    5. Comparação de informações;

1.      Compare  a   descrição   do   beijo   do   menino,   com   a   descrição  do  beijo da narradora.  
2.       Como o  Culta compara o amor em seu bilhete?
3.       Em relação a personalidade dos personagens, qual a diferença entre eles?
4.       No final do texto, como a menina encerra o texto?
5.   Apresente o vídeo Meu primeiro Amor e pergunte: Como podemos comparar os dois textos?


  6. Generalizações;

1.      Baseado no texto lido, em que momento, podemos afirmar que o relacionamento acabou? 
2.      Que parte do texto chamou mais sua atenção?
3.      Como são os finais dos relacionamentos? Deixam algumas lembranças ou não?
  
     7.  Produção de inferências locais;
          
·         Existe alguma palavra que você desconhecia no texto? Houve a necessidade de consultar o dicionário ou pelo sentido global do texto, você conseguiu obter a informação?  Responda, justificando.


     8. Produção de inferências globais;

         Por que o rapaz é chamado de “cultura inútil”?


     9. Recuperação do contexto de produção;

        Quem é seu autor? Que posição social ele ocupa? Em que lugar esse texto seria publicado?

   10. Definição de finalidades e metas da atividade de leitura;

            Antes da leitura, deixar claro ao aluno, que o objetivo da leitura é compreender/interpretar o texto e fazer comparações a partir de novos textos. Além da leitura, iremos aprender a reescrever textos.


     11.  Percepção das relações de intertextualidade/interdiscursividade;

           TEXTO
           
            Todo texto possui uma intenção quando o escrevemos, ela possui uma conexão direta com o leitor.

           DISCURSO:

          Texto + contexto (situação comunicativa, incluindo momento histórico e social do texto, interlocutores, intenção...)
           A manifestação comunicativa individual faz parte de um conjunto social.

          INTERTEXTO:

          Incorporação de um texto em outro através de citação ou recriação.

          INTERDISCURSO:

         Conjunto de referências ao texto, à situação de produção e às ideologias subjacentes.
         Não há discurso autônomo, visto que sempre estará relacionado, de alguma forma, a outros discursos.

        Como sugestão é possível fazer várias relações de intertextualidade / interdiscursividade com o filme meu “meu primeiro amor” e com algumas músicas

     12. Elaboração de apreciação estética e/ou afetivas;
·         Perguntar:
          Qual o sentimento do personagem em relação a menina e como fica evidente no texto.

      13. Elaboração de apreciações relativas a valores éticos e/ou políticos presentes no texto. 

         "Estávamos virgens nesse assunto" qual é a possível idade dos personagens? "Ficar" é o mesmo que namorar? As meninas preferem namorar ou "ficar"? E os meninos? Antigamente os jovens "ficavam"?

      14. Conferindo as sessões de vídeos: 
           
            Trabalhando com o texto Meu Primeiro beijo de António Barreto, após a leitura compartilhada, podemos apresentar o seguinte roteiro na sessão de vídeos:
1.      Iniciar pelo Clip “Meu Primeiro Amor” – Vamos conferir, como já mencionado nos estudos acima:




2.      Retomando o Passado e conhecendo Carpenters, neste vídeo podemos perceber que não importa em que língua cantar ou falar, mas a emoção é única (Conhecimentos Linguísticos estéticos e afetivos):



3.      Pensando nos nossos adolescentes: Porque não mencionar os beijos de novelas, filmes:






4.      E o Carnaval, ouvindo Claudinha Leite, damos outro significado ao beijo:




5.      Mas pensando no estilo romântico, por que não escutar: Marisa Monte, para grandes momentos de paixão:






6.      Um pouco de poesia: Lendo Vinícius de Moraes - O beijo que você não quis dá
Vinicius de Moraes , Haroldo Tapajós


7.    Muitos sucessos podemos ouvir, vários gêneros podemos estudar, muitas emoções, muitas maneiras de falar do primeiro beijo, ou simplesmente do beijo em si. As culturas são diversas, mas no final todas se falam entre si.


      15. Recuperação do contexto de produção: 

·          Em uma roda de discussão com os alunos, a partir do título, os alunos comentam suas experiências sobre o assunto: Meu Primeiro Beijo; no qual os alunos comentam como foi o seu primeiro beijo, com quem, aonde, entre outras questões;
·         O professor apresenta o filme “Meu Primeiro Amor” na íntegra, visto os mesmos só terem assistido ao clip, na escola,  até o presente momento;
·         Após  apresentar o filme “Meu Primeiro Amor”, o professor solicita aos alunos para analisarem as cenas, divididos em pequenos grupos, cada grupo registra uma cena que mais lhe chamou a atenção; o professor corrige os registros e solicita uma segunda etapa do trabalho;
·         A segunda etapa consiste em  produzirem painéis com figuras retiradas de revistas ou até mesmo desenhos feitos por eles sobre o assunto. Sendo que, estes painéis, ficariam espalhados na escola;
·         Após a realização desta tarefa, o professor sugere uma atividade escrita, como por exemplo realizar uma poesia com o tema “Meu primeiro beijo”, apresentando as canções para enriquecer os gêneros apresentados. Mostrando que todo ato de amor, possui uma canção que marca alguns momentos importantes.
·         No final o grupo produz uma enquete com os alunos da sala em relação a questão Onde e Quando foi o seu primeiro beijo? Quais são as lembranças? Foi positivo ou negativo para sua experiência de vida?
·         Assim teremos condições EXPLORAR, DESENVOLVER E AMPLIAR CAPACIDADES DE LEITURA, tal qual Roxane Rojo nos ensina em ”Letramento e capacidades de Leitura para Cidadania”.


TEXTOS ADICIONAIS PARA ESTUDO 
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM

Texto 2:
10 curiosidades sobre o beijo ao longo da História

1.      Não se sabe como surgiu o primeiro beijo da humanidade. As referências mais antigas de beijos foram esculpidas por volta de 2.500 a.C. nas paredes dos templos de Khajuraho, na Índia.
2.      Entre os persas, na Antiguidade, os homens trocavam beijos na boca. Mas só valia para pessoas do mesmo nível. Se um dos homens fosse considerado hierarquicamente inferior, o beijo deveria ser dado no rosto. Na Grécia Antiga, só era permitidos beijos na boca entre pais e filhos, irmãos ou amigos muito próximos.
3.      Os romanos tinham 3 tipos de beijos: o basium, trocado entre conhecidos; o osculum, dado apenas em amigos íntimos; e o suavium, que era o beijo dos amantes. Os imperadores romanos permitiam que os nobres mais influentes beijassem seus lábios, enquanto os menos importantes tinham de beijar suas mãos. Os súditos podiam beijar apenas seus pés.
4.      Boatos no final do século XIX atribuíam à estátua do soldado italiano Guidarello Guidarelli, obra do século XVI assinada por Tullio Lombardo, o poder de arranjar casamentos fabulosos a todas as mulheres que a beijassem. Desde então, mais de 7 milhões de bocas já tocaram a escultura em Veneza.
5.      Na linguagem dos esquimós, a palavra que designa beijar é a mesma que serve para dizer cheirar. Por isso, no chamado "beijo de esquimó", eles esfregam os narizes. No Nordeste brasileiro, também se usa a palavra "cheiro" no lugar de "beijo". Em nenhuma língua celta existe a palavra "beijo".
6.      No período da Renascença, o beijo na boca era uma forma de saudação muito comum. Na Inglaterra, ao chegar na casa de alguém, o visitante beijava o anfitrião, sua mulher, todos os filhos e até mesmo o cachorro e o gato.
7.      Em 1439, o rei Henrique VI proibiu os beijos na Inglaterra para evitar a proliferação de doenças. Oliver Cromwell, no século XVII, proibiu que fossem dados beijos aos domingos na Inglaterra. Os infratores eram condenados à prisão. Em 1909, um grupo de americanos que consideravam o contato dos lábios prejudicial à saúde criou a Liga Antibeijo.
8.      Antigamente, na Escócia, o padre beijava os lábios da noiva no final da cerimônia de casamento. Dizia-se que a felicidade conjugal dependia dessa bênção. Depois, na festa, a noiva deveria circular entre os convidados e beijar todos os homens na boca, que em troca lhe davam algum dinheiro.
9.      Beijo francês é aquele em que as línguas se entrelaçam. Também é conhecido como beijo de língua. A expressão foi criada por volta de 1920. Na França, o beijo francês é conhecido por beijo inglês.
10.  O americano Alfred A. E. Wol estabeleceu o recorde mundial de beijos. Ele beijou 8.001 pessoas em oito horas.
Texto 3:
Já sei namorar
Marisa Monte, Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes 

Já sei namorar 
Já sei beijar de língua 
Agora só me resta sonhar 
Já sei aonde ir 
Já sei onde ficar 
Agora só me falta sair 
(Refrão) 
Não tenho paciência pra televisão 
Eu não sou audiência para solidão 
Eu sou de ninguém 
Eu sou de todo mundo e 
Todo mundo me quer bem 
Eu sou de ninguém 
Eu sou de todo mundo e 
Todo mundo é meu também 
Já sei namorar 
Já sei chutar a bola 
Agora só me falta ganhar 
Não tenho juiz 
Se você quer apito em jogo 
Eu quero é ser feliz 
(Refrão) 
Tô te querendo 
Como mingúem 
Tô te querendo 
Como Deus quiser 
Tô te querendo 
Como eu te quero 
Tô te querendo 
Como se quer

Texto 4:
O beijo que você não quis dá
Vinicius de Moraes , Haroldo Tapajós


Eu não sei por quê
Você se zangou
Foi um beijo só que eu pedi
Tudo me fazia crer que você concedia
E você me negou
Se você soubesse
O mal que me fez
Você não negava outra vez
Quase me ponho a chorar
Pela falta do beijo
Que você não quis dar

O que é um "beijozinho"  à-toa
Pra você querer negar
Você que sempre foi tão boa?
Da próxima vez
Quando eu lhe pedir
Se você ainda teimar
Tome cuidado, menina, porque sou capaz
Do beijo lhe roubar
E eu sei que depois
Você vai gostar
E sempre vai querer bisar
Porque o amor que se tem
Só o beijo, querida
Traduz muito bem







segunda-feira, 10 de junho de 2013

NOVAS IDEIAS

NOVAS IDEIAS ESTÁ SURGINDO COM O OBJETIVO DE  DAR ALGUMAS DICAS PARA ELABORAÇÃO DE SUAS AULAS, CONFIRA!!! SEGUINDO A RÉGUA DOS ITENS DESTE BLOG ...
NOVAS IDEIAS 

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quarta-feira, 5 de junho de 2013

HOMENAGENS


AO CENTENÁRIO DE  VINÍCIUS DE MORAES 


Imagens: Poesias, cartas, entrevistas, críticas, artigos, cenário, roteiro, letra de música, outros registros de Vinicius e muito mais. Muito interessante, vale a pena conferir, visite o site oficial:



Soneto de separação

De repente do riso fez-se o pranto  
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.

Oceano Atlântico, a bordo do Highland Patriot,
a caminho da Inglaterra, 09.1938

Soneto de fidelidade
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive, 
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa lhe dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure

Estoril - Portugal,
10.1939

Soneto do amor total
Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.

Amo-te afim, de um calmo amor prestante,
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente,
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim muito e amiúde,
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.

Rio de Janeiro, 1951
Fonte: sopadepoesia.blogspot.com/...09/08/três-sonetos-de...
    
Vinícius de Moraes


Na tempestuosa madrugada de 19 de outubro de 1913, nascia o garoto Vinitius. A grafia está correta. Seu pai, Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, um apaixonado pelo latim, dera a ele este nome. Naquela noite nascia na Gávea, o futuro garoto de Ipanema. Escreveu seu primeiro poema de amor aos 9 anos, inspirado em uma colega de escola que reencontraria 56 anos depois. Seus amores eram sua inspiração. Oficialmente, teve nove mulheres: Tati (com quem teve Susana e Pedro), Regina Pederneiras, Lila Bôscoli (mãe de Georgina e Luciana), Maria Lúcia Proença (seu amor maior, musa inspiradora de Para viver um grande amor), Nelita, Cristina Gurjão (mãe de Maria), a baiana Gesse Gessy, a argentina Marta Ibañez e, por último, Gilda Mattoso. Mulherengo? Não, “mulherólogo”, como ele costumava se definir.
Tati, a primeira, única com quem casou no civil, é a inspiradora dos famosos versos “Que não seja imortal, posto que é chama/ Mas que seja imortal enquanto dure”. Deixou-a para viver com Regina Pederneiras. O romance durou um ano, depois do que ele voltou com Tati para deixá-la, definitivamente, em 1956 e casar com Lila, então com 19 anos, irmã de Ronaldo Bôscoli. Foi nessa época que o poeta conheceu Tom Jobim e o convidou para musicar sua peça Orfeu da Conceição. Desta parceria, surgiriam músicas símbolos da Bossa Nova como Chega de Saudade e Garota de Ipanema, feita para Helô Pinheiro, então uma garotinha de 15 anos que passava sempre pelo bar onde os dois bebiam. No ano seguinte, 1957, se casaria com Lucinha Proença depois de oito meses de amor escondido, afinal, ambos eram casados. A paixão durou até 1963. Foi pelos jornais que Lucinha, já separada, soube da ida de Vinícius para a Europa “com seu novo amor”, Nelita, 30 anos mais jovem. Minha namorada, outro grande sucesso, foi inspirado nela.
Em 1966, seria a vez de Cristina Gurjão, 26 anos mais jovem e com três filhos. Com Vinícius teve mais uma, Maria, em 1968. Quando estava no quinto mês de gravidez, Vinícius conheceu aquela viria a ser sua próxima esposa, Gesse Gessy. No segundo semestre de 69 começa sua parceria com Toquinho. No dia de seu aniversário de 57 anos, em 1970, em sua casa em Itapuã, Vinícius transformaria Gesse Gessy, então com 31 anos, em sua sétima esposa. Gesse seria diferente das outras e comandaria a vida de Vinícius com bem entendesse. Em 1975, já separado dela, ele se declara apaixonado por Marta Ibañez, uma poeta argentina. No ano seguinte se casariam. Ele tinha quase 40 anos mais que ela.
Em 1972, a estudante de Letras Gilda Mattoso conseguiu um autógrafo do astro Vinícius após um show para estudantes da UFF, em Niterói (RJ). Quatro anos depois o amor se concretizaria. O poeta , já sessentão; ela, com 23 anos.
Na noite de 8 de julho de 1980, acertando detalhes das canções do LP Arca de Noé com Toquinho, Vinícius, já cansado, disse que iria tomar um banho. Toquinho foi dormir. Pela manhã foi acordado pela empregada que encontrara Vinícius na banheira com dificuldades para respirar. Toquinho correu para o banheiro, seguido de Gilda. Não houve tempo para socorrê-lo. Vinícius de Moraes morria na manhã de 9 de julho. No enterro, abraçada a Elis Regina, Gilda lembrava da noite anterior, quando em uma entrevista, perguntaram ao poeta: “Você está com medo da morte?”. E Vinícius, placidamente, respondeu: “Não, meu filho. Eu não estou com medo da morte. Estou é com saudades da vida”.
Fonte: www.memoriaviva.com.br

Vinícius de Moraes   

EXPERIÊNCIAS DE LEITURA E ESCRITA


Para começar, vamos ver o que algumas personalidades pensam sobre leitura e escrita. Selecionamos uma série de depoimentos de personalidades de diferentes áreas sobre o papel da leitura e da escrita em suas vidas. Clique nas fotos e veja o que elas têm a dizer. Depois, selecione três depoimentos de sua preferência.
Marilena Chauí

Professora de Filosofia da USP
"O livro é um mundo porque cria mundos ou porque deseja subverter este nosso mundo", considera a doutora em Filosofia Marilena Chauí.
Eu costumo falar no esplendor do livro porque ele abre para mundos novos, ideias e sentimentos novos, descobertas sobre nós mesmos, os outros e a realidade. Ler, acredito, é uma das experiências mais radiosas de nossa vida, pois, como leitores, descobrimos nossos próprios pensamentos e nossa própria fala graças ao pensamento e à fala de um outro. Ler é suspender a passagem do tempo: para o leitor, os escritores passados se tornam presentes, os escritores presentes dialogam com o passado e anunciam o futuro.
Fonte: Depoimento feito ao site da Livraria Cultura em 2004.
Danuza Leão

Jornalista e escritora
Adoro ler, e leio qualquer coisa que chegue às minhas mãos, de bula de remédio a dicionário, é uma mania. Mesmo na infância, não brincava de boneca nem de casinha, mas devorava revistas em quadrinhos e livros. Só queria ficar no quarto lendo, lendo, lendo..
Suas leituras nunca seguiram um critério, conforme esclarece:
Se um amigo que me conhece bem indica um livro, vou lá e compro, e se encontrar um largado num avião também leio inteiro. E não me guio muito pela lista dos mais vendidos. Sou uma anarquista mental. Tudo que aprendi foi vivendo, e acho que tive uma vida muito rica. Aos 16 anos, meus amigos de todo dia eram Di Cavalcanti, Vinicius de Moraes e Rubem Braga. Foi através do convívio com pessoas excepcionais como eles que aprendi as coisas. Não saberia explicar os livros que li e a razão pela qual alguns me impressionaram mais. Que me desculpem os literatos, mas para mim ou um livro é bom ou não [...].
Fonte: Depoimento feito ao site da Livraria Cultura em 2004.
Newton Mesquita

Pintor
Da mesma forma como coloca sua alma nas imensas e maravilhosas telas que pinta, o arquiteto e artista plástico Newton Mesquita busca, na literatura, uma comunhão com o universo revelado pelo autor:
"Quando você vê um quadro e gosta muito, a sensação é a de que aquela imagem sempre esteve dentro de você. Com o texto é a mesma coisa: aquilo toca na sua essência e detona tantas ideias e fantasias que se torna parte de sua vida", explica.
A leitura e a música são fundamentais na vida desse prestigiado artista.
"Se eu pudesse ter mais duas profissões, gostaria de ser músico (já toquei piano em boates durante alguns anos) e de escrever muito bem, como o Rubem Fonseca".
Os livros me fascinam. Antigamente, quando eu era moleque, eles me pegavam pelas histórias, porque me davam a possibilidade de ir a outros países, conhecer outras civilizações, outras pessoas, ver como elas viveram, o que pensaram, descobriram e escreveram. Fui criado muito sozinho, e os livros eram meus companheiros. A leitura, nessa fase, é uma ginástica para a imaginação. Você fica imaginando os lugares, as situações, os personagens – alguns tornavam-se amigos íntimos meus. Meu filho se chama Pedro por causa do Pedrinho do Sítio do Pica-pau Amarelo.
Fonte: Depoimento feito ao site da Livraria Cultura em 2004.
Anna Verônica Mautner

Psicanalista
Ainda bem que poetas existem para falar sobre a dor do ressentimento, sentimento horrível que nos faz culpar outros. Isso não passa de mera aparência, pois, na verdade, está na dor que surge de não ter podido triunfar sobre algum outro, que vemos malvado. O ressentimento fala sempre de derrota. E eu, que não sou poeta, fico só com o constrangimento de calar diante da estreiteza da minha linguagem. Não poetejo. Minha ciência e eu cá ficamos constritos e acanhados, porque nos vemos obrigados a nos esquivar de explicar tantos sentimentos, tão humanos.
Fonte: Folha de S.Paulo, 19 fev. 2004.
Contardo Calligaris

Psicanalista
A função essencial da literatura, a seu ver, é a de libertar o ser humano:
A literatura é o catálogo das vidas possíveis e impossíveis. Quanto maior for nossa liberdade, mais necessário se torna ter um catálogo de experiências possíveis para poder exercê-las. Porque ninguém é capaz de inventar uma vida a partir de nada. A vida é inventada a partir de uma combinatória de sonhos que já foram sonhados. A literatura é um meio de aprender a sonhar a própria liberdade. Foi onde aprendi que podia e talvez precisasse viajar, "perder países", como dizia Fernando Pessoa. Na literatura, descobri que havia alhures e que só esses alhures podiam dar algum sentido ao lugar onde, por acaso, eu tinha nascido.
Fonte: Depoimento feito ao site da Livraria Cultura.
J. C. Violla

Bailarino, coreógrafo, ator e professor de dança
Dinâmico e cheio de vida, Violla encontra na literatura um contraponto para a sua agitada arte corporal. "A leitura é uma coisa absolutamente importante para mim", declara.
Ela ajuda a concentração, me leva para dentro, me acalma e alimenta espiritualmente. Quem trabalha muito com o corpo geralmente passa a vida preocupado apenas em esticar a perna, alongar o braço, fazer belos arabescos, enfim, fica preso demais ao próprio físico. Eu não queria ficar assim. Queria 'esticar a cabeça' também. Sou ávido por conhecer as coisas, saber mais. Faço questão de estar bem informado e antenado com o mundo..
Fonte: Depoimento feito ao site da Livraria Cultura em 2004.
Nina Horta

Dona de bufê e autora de vários livros sobre culinária
A influência da leitura em minha vida? Foi até um exagero. Muitas vezes deixei de ver ou de viver coisas concretas porque estava lendo sobre elas. Mas é que ler me dá um prazer muito grande mesmo. Sou viciada em leitura, e isso já se tornou parte de mim. Na minha casa, não dá para andar de tanto livro. E quando viajo levo uma batelada comigo (escondido do meu marido). Acho que, hoje, os livros são minha única tentação em matéria de consumo. Se quero comprar algo, é livro. Não consigo nem imaginar como teria sido minha vida sem eles, pois é deles que vêm quase todas as minhas referências.Fonte: Depoimento feito ao site da Livraria Cultura em 2004.

Antonio Candido

Crítico literário e ex-professor de Teoria Literária na USP
As produções literárias, de todos os tipos e todos os níveis, satisfazem necessidades básicas do ser humano, sobretudo através dessa incorporação, que enriquece a nossa percepção e a nossa visão do mundo. [...]. Em todos esses casos ocorre humanização e enriquecimento, da personalidade e do grupo, por meio de conhecimento oriundo da expressão submetida a uma ordem redentora da confusão.
Entendo aqui por humanização (já que tenho falado tanto nela) o processo que confirma no homem aqueles traços que reputamos essenciais, como o exercício da reflexão, a aquisição do saber, a boa disposição para com o próximo, o afinamento das emoções, a capacidade de penetrar nos problemas da vida, o senso da beleza, a percepção da complexidade do mundo e dos seres, o cultivo do humor. A literatura desenvolve em nós a quota de humanidade na medida em que nos torna mais compreensivos e abertos para a natureza, a sociedade, o semelhante.
Fonte: CANDIDO, Antonio. Direitos humanos e literatura. In: ______. Vários escritos. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2004.
Moacyr Scliar

Médico e escritor
Todos os dias eu sento e escrevo, mas nunca com o mesmo número de horas. Muita coisa eu jogo fora, pois acho que a cesta de lixo é a grande amiga do escritor.
Fonte: Correio Braziliense, 31 ago. 1996. D.A. Press.
Rubem Alves

Psicanalista, educador, escritor e teólogo.
A literatura é um processo de transformações alquímicas. O escritor transforma – ou, se preferirem uma palavra em desuso, usada pelos teólogos antigos, “o escritor transubstancia” – sua carne e seu sangue em palavras e diz a seus leitores: “Leiam! Comam! Bebam! Isso é a minha carne. Isso é o meu sangue!”. A experiência literária é um ritual antropofágico. Antropofagia não é gastronomia. É magia. Come-se o corpo de um morto para se apropriar de suas virtudes. Não é esse o objetivo da Eucaristia, ritual antropofágico supremo? Come-se e bebe-se a carne e o sangue de Cristo para se ficar semelhante a ele. Eu mesmo sou o que sou pelos escritores que devorei... E se escrevo é na esperança de ser devorado pelos meus leitores.
Fonte: ALVES, Rubem. A beleza dos pássaros. In: ______. Na morada das palavras. 3. ed. Campinas: Papirus, (N/D). p. 66.
Fábio de Paula Xavier Marchioro

Advogado, jornalista, escritor e blogueiro
Que existam pessoas que não gostem de ler eu entendo. É a variedade da natureza. Eu, por exemplo, não gosto de pagode. Tudo bem. Há quem goste. Cada um na sua. Mas o que me chamou a atenção é o comentário de um menino de 15 anos, chamado Marcelo S. P., que afirma: "Para mim, ler não acrescenta nada. Vou começar a ler tudo a partir do segundo ano, quando pretendo me preparar para prestar medicina. Só leio Playboy, Fluir, Hardcore, Sexy e Veja".

Fonte: Disponível em:http://www.pensagens.com. Acesso em: 13 maio 2013.

Experiências de leitura e escrita

Selecionamos também algumas entrevistas feitas pelo jornalista Gilberto Dimenstein com músicos e escritores sobre suas experiências com leitura e escrita. Essas entrevistas fazem parte da seção “Prazer em Conhecer” do site Catraca Livre, coordenado por Dimenstein. Ouça as entrevistas e aproveite para conhecer o Catraca Livre.